quinta-feira, 26 de setembro de 2013

BOMBEIRO QUE INALOU FUMAÇA TÓXICA DURANTE INCÊNDIO É INTERNADO NA UTI

Dois bombeiros deram entrada no hospital por inalar fumaça na quarta (25).
Pelo menos 157 pessoas já procuraram o hospital de São Francisco do Sul


Incêndio já dura mais de 36 horas em São Francisco do Sul (Foto: Kleber Silva/VC no G1)Incêndio já dura mais de 36 horas em São Francisco do Sul (Foto: Kleber Silva/VC no G1)






Um bombeiro voluntário que inalou a fumaça tóxica do incêndio em São Francisco do Sul está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Joinville. Às 11h45, a assessoria do hospital informou que o estado de David Marcelino, de 59 anos, é gravíssimo. Ele está respirando com ajuda de aparelhos e em coma induzido.
O incêndio em um armazém de fertilizantes que começou por volta das 23h de terça-feira (24) já dura mais de 36 horas. De acordo Corpo de Bombeiros Voluntário deGuaramirim, David teve um problema respiratório em decorrência da inalação da fumaça do incêndio ao armazém em São Francisco do Sul, mesmo utilizando equipamento de segurança respiratório.
“Os médicos disseram que conseguiram deixar o quadro dele estável, mas que iriam fazer experiências para saber a reação dele, pois não conhecem o produto que ele inalou”, explicou Alexandre Marcelino, de 35 anos, filho de David. O homem tem cinco filhos e é técnico em atendimento a produtos químicos. Segundo Alexandre Marcelino, o novo boletim médico deve ser liberado às 18 horas desta quinta-feira (26).
De acordo com o Hospital Nossa Senhora da Graça, em São Francisco do Sul, David e o comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Balneário Barra do Sul deram entrada no hospital na tarde de quarta (25). Os dois teriam passado mal após inalar muita fumaça enquanto trabalhavam no combate ao incêndio. David chegou a ser sedado e entubado na emergência do hospital. O outro bombeiro foi liberado no início da madrugada desta quinta.
Fumaça tóxica pode ir para o Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro (Foto: Kleber Silva/VC no G1)Incêndio começou por volta das 23h de terça e já
dura mais de 36 horas (Foto: Kleber Silva/VC no G1)
Até a noite de quarta-feira, a assessoria do hospital não informava se havia ou não internados, apenas confirmava o atendimento em ambulatório de pelo menos 157 pessoas. De acordo com a assessoria do hospital, as pessoas se queixam principalmente de náuseas, vômitos, ardência nos olhos e na garganta. Seis pessoas ainda estavam em observação na manhã desta quinta.
O bombeiro voluntário que inalou fumaça tóxica foi encaminhado à UTI do Regional de Joinville por volta das 2h desta quinta-feira. David é autônomo e estava prestando serviço ao Corpo de Bombeiros Voluntários de Guaramirim. Segundo à instituição, o estado de David é estável e a família está recebendo o devido apoio.
Desabrigados
Segundo a Defesa Civil estadual há 800 desabrigados ou desalojados em decorrência do incêndio. A Defesa Civil de São Francisco do Sul informou que há 400 desabrigados, divididos em duas escolas estaduais do município, e que muitas pessoas foram para casa de parentes em outros municípios do Norte do estado.
Mapa Incêncio São Francisco do Sul (Foto: Editoria de Arte/G1)
Incêndio
Segundo o Corpo de Bombeiros, a previsão é que a fumaça seja controlada em até pelo menos mais um dia, o que deve ocorrer na sexta-feira (27). Até a manhã desta quinta (26), as equipes haviam utilizado cerca de 200 mil litros de água para tentar conter as chamas no armazém de fertilizantes, mas o incêndio químico continua.

Os Corpos de Bombeiros Voluntários de Guaramirim, Balneário Barra do Sul, Joinville e Indaial estão trabalhando há mais de 36 horas no combate ao incêndio de São Francisco do Sul. Além disso, os Corpos de Bombeiros de Santa Catarina também estão no local. Segundo o major dos Bombeiros Militares, Diogo Losso, as equipes estão trabalhando em revezamento e utilizando equipamentos de segurança.
No local, há 10 mil toneladas do material. O material está sendo retirado e transportado por caminhões da prefeitura para um pátio. "A gente continua inundando aquela quantidade de material com água para garantir que a temperatura fique baixa. O objetivo é chegar no ponto central do incêndio. Aí, nós vamos introduzir uma mangueira com um tipo de esguicho metálico dentro da estrutura para inundar internamente, baixando a temperatura e extinguindo de forma definitiva o incêndio. O problema ainda é a grande produção de fumaça", explicou o coronel Marcos de Oliveira, comandante-geral do Corpo de Bombeiros.
Situação de emergência
Na tarde de quarta (25), Raimundo Colombo, governador de Santa Catarina, decretou situação de emergência no município do Norte catarinense em função do incêndio na carga de fertilizante. Segundo os bombeiros, as causas do incêndio ainda são desconhecidas e serão apuradas assim que a fumaça for controlada, por meio de uma perícia.
Fumaça tóxica pode ir para outros estados (Foto: Kleber Silva/VC no G1)Fumaça tóxica pode ir para outros estados
(Foto: Kleber Silva/VC no G1)
Fumaça em outros estados
A meteorologista Josélia Pegorim, do Clima Tempo, destacou que há um ciclone extratopical ao longo da costa Sul-Sudeste do Brasil, que está provocando ventos fortes na direção Sudoeste-Sul. “Essa direção de ventos é favorável a levar a fumaça em direção ao litoral do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
A previsão é que essa direção de ventos permaneça por pelo menos 24 horas. Como há ventos de até forte intensidade, a fumaça se dispersa, um pouco. A fumaça pode chegar a essas regiões, mas não com a concentração que está em Santa Catarina”, explica a meteorologista.
Doações
A Escola Estadual Claurenice Vieira Caldeira (Rocio Grande) está recebendo doações como forma de ajudar as cerca de 400 pessoas que ainda estão desalojadas. Alimentos não perecíveis, cobertores, copos plásticos, pratos, talheres, água, material de higiene, entre outros objetos de necessidades básicas, são bem-vindos. Informações adicionais 3449-1187.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

BOMBEIROS TENTAM CONTER INCÊNDIO EM DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEIS NO RJ.

Chamas atingem depósito na Rodovia Rio-Teresópolis, em Caxias.
Por volta das 12h30, grande explosão fez incêndio se espalhar para casas.

Incêndio atinge depósito na Rodovia Rio-Teresópolis, em Caxias (Foto: Reprodução / TV Globo) 
Incêndio atinge depósito na Rodovia Rio-Teresópolis, em Caxias (Foto: Reprodução / TV Globo)
Mapa incêndio Duque de Caxias (Foto: Editoria de Arte/G1)
Um incêndio de grandes proporções atinge um depósito de combustíveis e lubrificantes da Petrogold, próximo à Rodovia Rio-Teresópolis, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, nesta quinta-feira (23). O fogo, que começou por volta das 11h, se espalhou por todo o quarteirão, consumindo casas vizinhas após explosão às 12h30. Às 13h, bombeiros de cinco grupamentos  seguiam no combate às chamas. Não há informações de feridos.
Uma área de aproximadamente quatro quarteirões ao redor do depósito foi isolada, de acordo com a Defesa Civil do Rio de Janeiro.
Os bombeiros acionaram cinco quartéis foram acionados: Grupamento Operacional com Produtos Perigosos, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Irajá e Caju. Agentes confirmaram que a ocorrência é de grande porte, mas, até as 13h, não havia informações sobre vítimas. Além de várias residências, na região há, pelo menos, uma escola municipal, da qual um grupo de cerca de 10 crianças foi retirado.
Por volta das 12h, as chamas podiam ser vistas a quilômetros de distância e assustavam os moradores da Vila Maria Helena. Os bombeiros informaram que a área era resfriada por volta das 12h20 para que as chamas não se alastrassem. O combate ao fogo propriamente dito, no entando, só deve começar após o combustível armazenado ser consumido.
Segundo a Defesa Civil estadual, a área foi esvaziada pela Defesa Civil municipal de Duque de Caixas para a segurança dos moradores e mais agentes do estado seguiam para auxiliar as equipes.
Sem feridos
“Não temos notícia ainda de ninguém ferido, nosso grupo de quartéis está trabalhando junto com o Grupamento de Perigos, com Caxias, Nova Iguaçu, Irajá e Caju, porque havia risco real de explosão. Fizemos um trabalho para retirar a população, inclusive daqueles com dificuldade de locomoção e a possibilidade de explosão no tanque é real. O combustível é uma quantidade muito grande que está queimando e o trabalho dos bombeiros tem que ser com muito cuidado e de sua auto-preservação também", declarou o coronel dos Bombeiros Jerri Pires ao RJTV.
Segundo o coronel, existe possibilidade de rompimento e espalhamento de combustível. "Se esse tanque se romper, com certeza esse fogo vai atingir algum bombeiro militar que esteja muito próximo. O trabalho é de isolamento e evitar o máximo possível o alastramento”, declarou o coronel dos bombeiros ao RJTV.
"Estamos trabalhando no esfriamento das casas no redor, para evitar que o fogo se alastre pelo quarteirão. Não temos informação ainda se tinha algum funcionário trabalhando. Foi feita evacuação das casas nos arredores e existe risco de um rompimento de outros tonéis", acrescentou o oficial.
Explosões
Gustavo Cunha Melo, especialista em gerenciamento de risco, disse à Globo News que para não ter uma multiplicação do incêndio, é recomendável o esfriamento da área ao redor dos tanques de combustíveis. Ele explicou ainda que as explosões ocorrem por causa da queima do combustível.

Assistência social
A Secretaria de Estado de Assistência Social informou que, ate as 13h, não havia sido acionada pela Prefeitura de Duque de Caxias para prestar auxílio às famílias cujas casas foram atingidas pelo incêndio. Ainda de acordo com o órgão, assim que a prefeitura acioná-lo, o aluguel social no valor de R$ 400 será distribuído.
Inea
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) apurava, por volta de 13h, se a empresa responsável pelo galpão incendiado possui licença ambiental para funcionar naquele local.

Rio-Teresópolis
A concessionária responsável pela rodovia Rio-Teresópolis, que corta a região atingida pelo incêndio, informou que o trânsito não chegou a ser afetado pelas chamas e a circulação. Equipes da empresa, porém, foram para o quilômetro 293 da via para monitorar a situação.


Incêndio atinge depósito na Rio-Teresópolis, altura de Duque de Caxias (Foto: Reprodução/ TV Globo) 
Incêndio atinge depósito na Rio-Teresópolis, altura de Duque de Caxias (Foto: Reprodução/ TV Globo)
Fumaça pode ser vista a quilômetros de distância (Foto: Reprodução / TV Globo) 
Fumaça pode ser vista a quilômetros de distância (Foto: Reprodução / TV Globo)

 Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/05/bombeiros-tentam-conter-incendio-no-rj.html


quinta-feira, 18 de abril de 2013

SER BOMBEIRO VOLUNTÁRIO É TRADIÇÃO DE MAIS 120 ANOS EM SANTA CATARINA

Apenas 14% dos municípios brasileiros têm bombeiros. Algumas cidades encontraram um outro caminho: o Corpo de Bombeiros civil. 

Domingo passado, o Fantástico mostrou a situação precária dos bombeiros na maior parte do país. Neste domingo, o Show da Vida mostra um caso à parte. Um exemplo de corporação que funciona muito bem. Um dos motivos, é a ajuda da população.
Fumaça à vista.  A reação é imediata. O deslocamento até o local do incêndio leva apenas cinco minutos. Adriano dirige o caminhão-tanque. Ele é um bombeiro voluntário. Assim como o mecânico João Pedro, que combate as chamas.

"Eu decidi a título de doação para a comunidade. É um dever que eu tenho com a comunidade", afirma João Pedro Matheus, mecânico e bombeiro voluntário.

Em pouco tempo, o fogo é controlado. O morador recebe atendimento das socorristas. Sandra e Silvia são irmãs, donas de casa, e voluntárias no Corpo de Bombeiros de Joinville.
“Eu acho que a população precisa muito de alguém que tenha esse tempo pra ajudar”, afirma Sandra Maria Possamai, dona de casa e voluntária.

No domingo passado, mostramos um dado preocupante: apenas 14% dos municípios brasileiros têm bombeiros.  ( Confira aqui a reportagem). E em muitos casos, os quartéis sofrem com a falta de equipamentos e viaturas sucateadas. A maioria das corporações é composta por militares. Algumas cidades encontraram um outro caminho: o corpo de bombeiros civil, que conta com o trabalho de voluntários.
Cento e vinte anos atrás, quando Joinville era uma pequena colônia de imigrantes alemães, os moradores se organizaram para combater os incêndios. Assim foi criado o primeiro corpo de bombeiros civil voluntário do país.

"As atribuições do bombeiro civil são as mesmas do bombeiro militar. Nós apagamos incêndio, nós atendemos acidentados, nós fazemos vistoria em prédios”, explica Olavo Gamper, presidente da Associação de bombeiros Voluntários de Santa Catarina.
De cada três bombeiros civis de Joinville, dois são voluntários. Recebem treinamento, uniforme e alimentação. Como dona Milânia, 66 anos, aposentada, que trabalha doze horas por dia, duas vezes por semana, como socorrista.

"Eu amo o que eu faço. Saio de casa contente quando posso chegar aqui no bombeiro e fazer algo que ajude ao próximo”, declara Milânia Félix, aposentada e bombeira voluntária.

Entre os bombeiros contratados e remunerados muitos começaram como voluntários, caso do comandante da corporação.

“Bombeiro civil não é sinônimo de amadorismo. Cada bombeiro voluntário que ingressa na corporação recebe um treinamento com os melhores padrões para as atividades que vai desenvolver”, afirma Heitor Ribeiro Filho, comandante do Corpo de Bombeiros de Joinville.
Quase metade dos recursos para manter o corpo de bombeiros vem dos moradores de Joinville. Trinta e cinco mil pessoas, que como Sandra, doam espontaneamente pequenas quantias na conta de luz.
"Eu contribuo com o bombeiro porque é um valor muito pequeno perto do retorno que o bombeiro traz para a população", afirma Sandra Hort de Souza, empresária.
O pioneirismo de Joinville inspirou outras 75 cidades do sul e do sudeste a terem um corpo de bombeiros civil e voluntário.
Nos Estados Unidos, apenas 9% dos quartéis são compostos por bombeiros contratados. A maior parte do efetivo conta com voluntários.
“A proposta é aumentar o número de municípios com bombeiros, independente do tipo, seja militar, sejam bombeiros civis, voluntários, comunitários, mistos - que são militares e civis trabalhando juntos”, diz José Carlos Tomina, pesquisador do IPT.

Nesta semana, o Ministério da Justiça vai discutir com especialistas a criação de um código nacional para a segurança contra incêndio e estimular a formação de novas corporações.
"O governo federal precisa estabelecer uma regra nacional para orientar os seus próprios órgãos federais, ajudar, algumas regras que não são de bom nível técnicos, e  ajudar esses 4800 prefeitos que não tem equipe técnica e não tem bombeiros", diz Tomina.

Enquanto isso, Joinville continua formando voluntários e futuros bombeiros.

"Eu tenho certeza que muitos deste jovens vão continuar com a gente por muito tempo", diz Adriano Bornschein Silva, bombeiro voluntário.

Edição do dia 14/04/2013


Fonte:
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2013/04/ser-bombeiro-voluntario-e-tradicao-de-mais-125-anos-em-santa-catarina.html

segunda-feira, 8 de abril de 2013

APENAS 14% DAS 5.570 CIDADES BRASILEIRAS TÊM CORPO DE BOMBEIROS

Somente Rio, Distrito Federal e Amapá seguem padrão de segurança internacional. Brasil tem 200 mil incêndios por ano, cerca de 500 por dia.

O Brasil ainda se recupera de uma tragédia nacional: 241 pessoas, na maioria jovens, morreram no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Isso foi há pouco mais de dois meses. Em uma reportagem especial, o Fantástico faz um retrato das condições de trabalho dos bombeiros em todo o país. Será que eles estão preparados para atender a população?
O fogo se alastra rapidamente. O incêndio é numa empresa que recupera pneus, que são altamente inflamáveis e tóxicos. O combate às chamas é improvisado com balde, água mineral e mangueiras que não alcançam o foco do incêndio.
O fogo chega à casa vizinha. Sem nenhuma proteção, três pessoas sobem no telhado, mas, de novo, não adianta nada. O incêndio aconteceu em Bacabal, no interior do Maranhão. Na cidade de 100 mil habitantes, não existe corpo de bombeiros. Então, como o fogo foi controlado?
Contar com a sorte pra apagar incêndios é comum na Brasil. Segundo um estudo do Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), apenas 14% dos 5570 municípios do país têm bombeiros. “Nós temos aproximadamente 4,8 mil cidades sem bombeiros. A situação é muito, muito crítica”, afirma o pesquisador do IPT José Carlos Tomina.
Durante um mês, o Fantástico acompanhou essa situação. Algumas cidades até têm bombeiro, mas são poucos e os equipamentos, quando existem, estão caindo aos pedaços. A viatura do Corpo de Bombeiros é velha e enferrujada. Se começar a escurecer, o veículo não pode rodar pela cidade, porque nenhuma lâmpada acende.
Segundo o estudo do governo federal, acontecem, em média, 200 mil incêndios por ano no Brasil. São mais de 500 por dia. Em Tocantins, das 139 cidades do estado, apenas cinco têm bombeiros. E se acontecer um incêndio em um prédio, vai faltar um equipamento importante: a corporação não tem escadas do tipo Magirus, que ajudam no resgate de vítimas e no combate a incêndios em lugares altos. Nem na capital, Palmas, de 228 mil habitantes, existe essa escada.
“É uma deficiência sim. No passado, não se pensou em resolver esse problema. O equipamento está sendo adquirido nesse momento”, afirma o chefe do Estado Maior do Corpo de Bombeiros de Tocantins, coronel Dodsley Tenório Vargas.
Na cidade de Floriano (PI), que tem 57 mil habitantes, pode faltar o principal na hora de apagar o fogo. O tanque de água do caminhão fica vazando o tempo todo. Por isso, mesmo sem ocorrência, todo dia tem que ser recarregado. São cinco mil litros de água por dia.
O caminhão é uma sucata. O freio não funciona direito e não há cinto de segurança. “Essa unidade também não tem sistema de rádio, não funciona o limpador de parabrisa. A porta sem vidro. Não tem condições de atender emergência. Ele vai, mas colocando em risco o tráfego”, destaca o presidente da Associação dos Bombeiros Militares do Piauí, Francisco Silva.
A equipe do Fantástico acompanhou um dia de trabalho dos bombeiros de Floriano. Nenhum deles está habilitado para dirigir o caminhão.
“O comandante geral sabe que os bombeiros dirigem sem permissão?”, perguntou o repórter.
“Tanto essa prática como outras condutas já foram informadas de maneira formal, mas o que nós temos percebido é a total ausência de manifestação prática da autoridade”, diz o capitão Anderson Pereira, da Associação dos Bombeiros Militares do Piauí.
A precariedade do Corpo de Bombeiros do Piauí foi constatada pelo Ministério Público do Trabalho. “Não fossem estabelecimentos de utilidade essencial para a segurança da sociedade, esses estabelecimentos inclusive deveriam ter sido interditados, eles não têm condições de prestar um mínimo atendimento à sociedade”, diz o procurador do Piauí José Wellington Soares.
Em Picos, também no interior do Piauí, 73 mil habitantes, outro exemplo de péssimas condições de trabalho: um caminhão bem antigo foi todo adaptado para armazenar água. Foi feita uma espécie de piscina na carroceria. O que era para ser só um quebra-galho virou permanente. “O que se observa é que continua operando, como se fosse uma viatura de combate contra incêndio”, aponta Pereira.
Em 2007, o governo do estado e o Ministério da Justiça fecharam um convênio para construir uma nova sede da corporação, em Picos. A equipe do Fantástico foi ver a obra indicada pelos próprios bombeiros, que estaria parada desde 2010. O prédio está abandonado, as paredes estão rachadas e o piso começou a trincar.
O Ministério da Justiça que mandou quase R$ 300 mil para ajudar na construção da nova sede, agora apura porque tudo está parado e se o dinheiro foi mesmo aplicado na obra. O Fantástico procurou o comandante-geral dos bombeiros. “Não foram feitos, digamos, a parte de projeto hidráulico, elétrico, de prevenção de combate a incêndio. Não foi mais refeito o convênio e o governo do estado é quem vai assumir aquela obra”, explica o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Piauí, Manoel Bezerra dos Santos.
Das 224 cidades do Piauí, apenas quatro contam com quartel do Corpo de Bombeiros: Floriano, Picos, Parnaíba e a capital, Teresina. As equipes de Floriano e Picos, por exemplo, são responsáveis pelo socorro a municípios que ficam a mais de 500 quilômetros de distância. “Em quase todas as ocorrências, os danos materiais são completos”, destaca o capitão Anderson Pereira.
Foi o que aconteceu na quarta-feira (3), em Piripiri, cidade com 61 mil habitantes. Um incêndio destruiu uma casa em um bairro afastado. Maria dos Remédios Sousa, de 40 anos, morreu carbonizada. Ela era doente e morava sozinha. Foram os vizinhos que tentaram apagar o fogo. “O bombeiro foi meu filho que pegou a mangueira e estava por cima aguando, apagando”, diz a vizinha Francisca dos Remédios.
“É uma falta de investimento do poder público. Infelizmente, os administradores não querem ver a situação da comunidade”, afirma o promotor de justiça Nivaldo Ribeiro.
Uma pesquisa do Ministério da Justiça mostra que, no Piauí, há um bombeiro para cada grupo de 9.430 habitantes. É a pior proporção do país. “O que se estabelece internacionalmente é que se tenha um bombeiro para cada mil habitantes”, aponta o pesquisador José Carlos Tomina.
No Brasil, no que se refere a efetivo, apenas o Distrito Federal e os estados do Amapá e do Rio de Janeiro seguem os padrões internacionais de segurança. “O ideal seria que todos os municípios tivessem postos de bombeiros. A ideia é que, em sete minutos, no máximo, os bombeiros consigam chegar em qualquer emergência”, avalia Tomina.
Em Minas Gerais, das 853 cidades, 799 não têm Corpo de Bombeiros. Um delas é Jaboticatubas, a 60 quilômetros de Belo Horizonte. Em fevereiro do ano passado, uma padaria da cidade pegou fogo. “Só Deus para apagar. E a chuva”, conta o dono do estabelecimento, Maurilio Marques de Paula Santos.
O comerciante está indignado. Ele paga uma taxa de incêndio ao governo do estado. Ano passado, o valor chegou a R$ 472, quase o dobro do IPTU. Mas, quando precisou, os bombeiros vieram de outra cidade e o fogo já tinha destruído tudo. “Gastou duas horas para chegar aqui. Não tinha mais nada. Nem fumaça tinha mais”, diz Maurilio.
Uma lei estadual de 2003 criou essa taxa de incêndio para reforçar o orçamento dos bombeiros. Hoje, ela é cobrada de donos de indústrias e de comércios que apresentam alto risco de incêndios em 80 cidades. Em 25 desses municípios, não há Corpo de Bombeiros. “É um absurdo. Se tivesse pelo menos o serviço, ainda ia lá. Mas não tem. Se precisar do Corpo de Bombeiros, você não tem a menor assistência”, afirma o dono da padaria.
O Ministério Público investiga supostas irregularidades com o dinheiro arrecadado com a taxa de incêndio. Só no ano passado, o total passou dos R$ 56 milhões. “Você tem que ter imediatamente o serviço a sua disposição, sob pena de um enriquecimento até indevido do poder público, que recebe a taxa e não entrega o serviço”, destaca o promotor de justiça Eduardo Nepomuceno.
Fantástico: O senhor acha justo o comerciante que não tem bombeiro na cidade dele pagar a taxa de incêndio?
Capitão Frederico Pascoal (Corpo de Bombeiros-MG): Ele está sendo atendido sim por uma unidade do Corpo de Bombeiros. Existem cidades que não possuem unidade próxima e estas estão sim no nosso trabalho de expansão.
Fantástico: Todo dinheiro da taxa vem para o Corpo de Bombeiros?
Capitão Pascoal: Sim, o dinheiro da taxa é totalmente revertido ao Corpo de Bombeiros. O dinheiro é gasto 50%, no mínimo, com investimentos. Além, é lógico, do custeio de toda essa máquina, como, por exemplo, combustíveis, material de limpeza, a manutenção do Corpo de Bombeiros.
Percorrendo o Brasil, o Fantástico encontrou outra situação grave. Devido à falta de bombeiros, o trabalho de prevenção a incêndios fica seriamente comprometido. Em grande parte do país, vistorias e alvarás demoram pra sair. “Se estivessem ocorrendo avaliações com rigor, muitos edifícios estariam em melhores condições. Muitos estariam interditados e nós não teríamos 200 mil incêndios por ano”, aponta Tomina.
Segundo o governador do Piauí, a situação vai mudar. “Nós convocamos os últimos 35 concursados recentemente. Já treinamos, qualificamos, capacitamos e agora autorizamos um novo concurso público para os bombeiros do Piauí”, afirmou Wilson Martins.
No cargo desde 2011, o comandante-geral dos bombeiros do Piauí reconhece a precariedade. “Você tem que entender que aqui é um caso extremo. Não tem como. Eu vou botar quem para dirigir o carro?”, pergunta Manoel Bezerra dos Santos. Essa foi a resposta sobre o fato de bombeiros dirigirem caminhões sem carteira de habilitação.
Quanto à falta de equipamentos e viaturas sucateadas, ele diz: “O que tem chegado aqui a gente tem procurado atender. Certamente, alguma coisa ou outra possa ter passado despercebida”.
Para ele, quem tem que se esforçar são seus subordinados, que comandam os bombeiros no interior. “Ele, comandante, solicita ao comandante aqui. Compete a ele vir aqui na capital e ver. ‘Ó, comandante, eu preciso disso aqui para poder dar agilidade nesse processo’. Ele tem lá dois carros pequenos para fazer vistoria. Se ele não dá conta, sinto muito”, afirma Santos.
Na próxima quarta-feira (10), Santos e Flamengo do Piauí têm jogo marcado pela Copa do Brasil, no estádio governador Alberto Silva, o Albertão, em Teresina. Há duas semanas, um laudo dos bombeiros atestou que a partida não poderia ser realizada e que o projeto do estádio não tem "garantia de condições míninas de segurança contra incêndio e pânico".
Mas o comandante-geral decidiu liberar o jogo. “Analisei item por item. O estádio está em condições de atender o jogo daquele dia 10. Essas imperfeições, com certeza, até o dia 10, estarão todas, digamos assim, corrigidas”, garante.
O Fantástico não pôde entrar no estádio porque o local estaria passando por reformas.
Sobre o incêndio em Bacabal (MA), especialistas afirmam: foi sorte ninguém ter se ferido, em outubro passado. “Isso aí é uma atitude de desespero, correndo risco, inclusive, depois de virarem vítimas”, alerta o coronel da reserva do Corpo de Bombeiros de São Paulo Paulo Chaves de Araújo.
Como Bacabal não tem Corpo de Bombeiros, quando ocorre um incêndio desses, teria que vir uma equipe da capital, São Luís, que fica a quase 250 quilômetros de distância.
Sabe o que aconteceu? O improviso chegou ao ponto de o limpa-fossa ser usado para apagar o fogo. “Perguntaram: ‘Ei, aí é água?’. Eu digo ‘não, é fezes, mais ou menos uns quatro mil litros de fezes’. ‘A gente está precisando, que aqui o fogo está demais’”, relembra Jaelson Santos Souza.
E essa não foi a primeira vez que ele fez papel de bombeiro. Um ano antes, ele tinha apagado um incêndio em um depósito de reciclagem. “Não fica muito cheiroso não. O importante é resolver o problema”, diz.
No Maranhão, em média, há um quartel de bombeiros para cada 20 cidades.
“Por que não tem mais bases do Corpo de Bombeiros no estado?”, pergunta o repórter.
“A grande problemática é efetivo, tanto que o governo do estado está otimizando já. Temos um concurso em andamento para a entrada de mais 150 homens neste ano e em 2014, há uma previsão de mais 150 homens”, responde o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Maranhão, coronel Wanderley Pereira.
Para profissionais que sempre foram vistos como heróis, tanta precariedade causa vergonha. “O nosso bombeiro tem vergonha de ser bombeiro. Hoje, o nosso bombeiro está trabalhando com aquela ausência daquela força que nos move, que é a paixão, que é o amor de salvar e resgatar as vidas alheias”, diz Anderson Pereira.
E qual seria a solução? “O maior problema é não ter regra, requisitos de desempenho e fiscalização. Cada um faz o que quer”, aponta Araújo.
“Tem centenas de boates Kiss funcionando no Brasil e é muito fácil de se repetir o que aconteceu lá. Que a gente consiga tirar alguma lição dessa catástrofe, dessa comoção nacional que aconteceu em Santa Maria”, afirma o pesquisador José Carlos Tomina.

Fonte : http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2013/04/apenas-14-das-557-mil-cidades-brasileiras-tem-corpo-de-bombeiros.html
 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

INQUÉRITO POLICIAL INDICIA 16 PESSOAS CRIMINALMENTE POR TRAGÉDIA NA KISS

Nove pessoas podem ser denunciadas por homicídio com dolo eventual.
Prefeito e comandante dos Bombeiros também foram responsabilizados.

A Polícia Civil indiciou criminalmente 16 pessoas pela tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, atingida por um incêndio no dia 27 de janeiro que vitimou 241 pessoas. Nove delas podem ser denunciadas pelos crimes de homicídio com dolo eventual qualificado, quando a pessoa assume o risco mesmo sem intenção. Leia a íntegra do relatório do inquérito.
No total, 28 pessoas foram apontadas pelo inquérito policial como responsáveis pela tragédia. Entre elas, estão o prefeito da cidade, Cezar Schirmer, e o comandante do 4º Comando Regional de Bombeiros de Santa Maria, tenente-coronel Moisés Fuchs. Segundo a polícia, em ambos os casos há indícios de prática de homicídio culposo e eles poderão ser investigados pelo Tribunal de Justiça e Justiça Militar, respectivamente.
(Inicialmente, o delegado informou que 35 pessoas haviam sido responsabilizadas. Na verdade, são 35 responsabilizações, ou seja, algumas pessoas foram responsabilizadas por mais de um crime. Após o fim da coletiva, a polícia confirmou que são 28 pessoas responsáveis).
O indiciamento significa que a polícia acredita que há indícios de autoria dos crimes por parte dos suspeitos. Já entregue à Justiça, o inquérito será encaminhado para vista do Ministério Público (MP). A partir disso, o MP tem prazo de cinco a 10 dias para oferecer ou não a denúncia contra todos ou parte dos envolvidos, além de mudar o enquadramento dos crimes, se julgar necessário. Há ainda a possibilidade de arquivamento de um ou mais casos ou pedido de novas investigações.
arte indiciados boate Kiss (Foto: Editoria de Arte)
Se o MP apresentar a denúncia, os indiciados viram acusados. Se a Justiça aceitar a denúncia contra os acusados, viram réus em processo criminal. O caso do prefeito de Santa Maria, que tem foro privilegiado, será analisado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). A polícia pediu que o processo seja aberto por homicídio culposo. Já a conduta dos bombeiros apontada no inquérito será investigada pela Justiça Militar.
Em caso de futura condenação, a pena prevista para homicídio é de seis a 20 anos de reclusão em regime fechado. Para os que foram indiciados por homicídio doloso qualificado, essa pena subiria para o mínimo de 12 anos e o máximo de 30 anos, em função do agravante. Isso porque as mortes foram causadas por asfixia (meio cruel), como previsto no Código Penal.
A polícia fez o indiciamento solicitando que as eventuais penas sejam somadas por cada uma das mortes, o chamado concurso material . “Entendemos que são crimes dolosos contra a vida. Nesse caso, se aplica a regra do concurso material. É óbvio que haverá um entendimento por parte do Ministério Público, de acordo com a melhor doutrina”, explicou o delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony.
A outra opção da polícia seria pedir a aplicação de pena por concurso formal, que é quando uma única ação ou omissão resulta em vários crimes. Nesse caso, se aplicaria a pena do crime mais grave. Quando são vários crimes iguais – 241 homicídios, por exemplo – a pena seria aplicada por um único homicídio, aumentada em um sexto até a metade.
Polícia exibe vídeos inéditos sobre incêndio dentro da boate
A entrevista coletiva que apresentou o resultado dos 54 dias de investigação foi realizada no auditório do Centro de Ciências Rurais (CCR) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Com uma ajuda de um programa de apresentação de telas, o delegado Arigony resumiu os pontos principais do inquérito de 13 mil páginas, divididos em 52 volumes.
Durante essa apresentação, a Polícia divulgou dois vídeos inéditos do incêndio. As imagens foram registradas por telefones celulares de pessoas que estavam na boate (veja o vídeo acima). Em um deles, é mostrado o início do fogo e a tentativa de combate às chamas por parte dos músicos da banda Gurizada Fandangueira.
Resumo do depoimento
de 810 pessoas ouvidas
- 119 pessoas afirmaram que a boate tinha lotação superior a mil pessoas

- 83 afirmaram que o fogo se iniciou com o artefato pirotécnico

- 50 pessoas afirmaram que havia mais artefatos pirotécnicos nas laterias do palco

- 181 pessoas afirmaram que o incêndio se iniciou no palco principal

- 108 pessoas afirmaram que o extintor de incêndio não funcionou

- 153  afirmaram que não enxergaram luzes e sinalização de emergência

- 84 afirmaram que os seguranças impediram saída por alguns segundos

- 124 afirmam que as barras de contenção ou guardas-corpos obstruÍram a saÍda da Kiss

- 178 afirmaram que Já viram show pirotécnico na Kiss em outras oportunidades

- 18 pessoas afirmaram que a boate não ofereceu qualquer treinamento para incêndio

- 24 afirmaram que a boate Kiss passou por diversas reformas ao longo do tempo

- 17 pessoas afirmaram que Mauro Hoffmann participava da administração da boate

- 47 viram civis entrando na boate para auxiliar no resgate sem serem contidos por bombeiros (no mínimo cinco morreram)
No outro, feito do outro lado do palco onde o incêndio começou, as pessoas percebem as chamas e parecem não se dar conta da gravidade da situação. Em poucos segundos, a boate é tomada pela fumaça. “Em cerca de 40 segundos após o início do fogo, o caos estava instalado dentro da boate. A luz apagou, a fumaça tomou conta e a situação ficou absolutamente calamitosa. A fumaça baixou com um colchão preto e ficou impossível respirar lá dentro”, afirmou o delegado.
Durante as investigações, a polícia ouviu 810 depoimentos, entre testemunhas, sobreviventes, familiares, servidores da prefeitura, fiscais, bombeiros que participaram do resgate, entre outros. Esses testemunhos foram fundamentais para ajudar a polícia chegar a algumas conclusões e, a partir disso, buscar as provas para apontar os responsáveis. Os depoimentos confirmaram o ponto de origem do fogo, a falta de itens de segurança na boate e a superlotação, entre outros (veja o quadro ao lado).
As irregularidades na emissão dos alvarás, o uso de fogos de artifício para ambientes externos em um ambiente fechado, a espuma de revestimento acústico inadequada (que liberou fumaça tóxica ao queimar, com os elementos cianeto e monóxido de carbono), a porta única de entrada e saída (em desacordo com as normas e legislação), os guarda-corpos posicionados na saída da boate (que retardaram a evacuação do público após o incêndio, assim como a porta), e a falta de sinalização e luzes de emergência adequadas foram apontados como fatores que contribuíram para o elevado número de vítimas.
“O conjunto das investigações concluiu que várias omissões ou condutas inadequadas que resultaram no incêndio contribuíram para o grande número de mortes. Mas o fator mais determinante é que tínhamos uma casa funcionando em situação absolutamente irregular”, afirmou Arigony. “Esse evento horrível deixou de ocorrer em diversas outras circunstâncias devido à conduta temerária dos gestores do local”, acrescentou.
Marcelo Arigony na divulgação do inquérito sobre o incêndio na boate Kiss em Santa Maria (Foto: Ricardo Duarte/Agência RBS)Polícia Civil apresenta o resultado das investigações  (Foto: Ricardo Duarte/Agência RBS)
Confira repercussão do anúncio do inquérito
- Gilberto Weber, advogado de Luciano Bonilha Leão (produtor da Gurizada Fandangueira)
“Durante a investigação, em várias oportunidades, ocorreram manifestações, tanto do delegado, quanto do Ministério Público. Eles sempre deixaram claro qual seria a direção para esse indiciamento. Não houve novidade. Com relação ao Luciano, ele poderá ser denunciado, como também poderá haver desclassificação durante a análise do inquérito. Ele poderá ser denunciado por outra coisa, homicídio culposo, por exemplo. Para ter segurança na linha de defesa, somente após a confirmação da decisão do MP”.
- Jader Marques, advogado do Elissandro Callegaro Spohr (sócio da boate Kiss)
“A Polícia Civil deixou de fazer qualquer consideração sobre um dos pontos mais importantes da investigação, que foi a instauração de um inquérito civil que determinou a colocação da espuma, as reformas e que fotografou a casa. Que sabia da situação dos alvarás. A impressão da defesa é de que houve uma omissão grave da Polícia Civil quanto à atuação do promotor de Justiça. Houve uma falha grave ao não considerar a importância das obras. Spohr foi indiciado 241 vezes por homicídio dolos e 623 por asfixia, além de responder também pelo incêndio. Na próxima, semana vamos a Santa Maria para enfrentar todas essas questões".

- Bruno Menezes, advogado de Mauro Hoffman (sócio da boate Kiss)
“Não nos causou surpresa o indiciamento, pois a Polícia Civil já vinha antecipando que ele (Mauro) seria. O próprio Ministério Público já antecipou que haverá denúncia contra ele. O que nos causou surpresa foi a postura de toda a investigação com relação às prisões, que aconteceram já no primeiro dia. Pelo Código Brasileiro, é preciso ser evidenciado uma conduta do Mauro para vinculação. E a única vinculação dele é ele ser sócio da empresa. No inquérito, houve uma alusão de 17 testemunhas que teriam feito uma referência por ele ser administrador da empresa. Para mim, esse número é muito pequeno em uma amosta de 810. Tenho a mais absoluta certeza de que o indiciamento por homicídio doloso não se sustentará no MP”.

- Leo Becker, vice-presidente da associação de familiares das vítimas (AVTSM)
"Temos que dar parabéns à Polícia Civil pela competência e coragem por conduzir com responsabilidade indicando os culpados. Confiamos plenamente na Polícia Civil. Fizeram um trabalho que vai ser vir de exemplo para o mundo todo. Agora vamos acompanhar a a segunda etapa da investigação, que vai para a promotoria e Judiciário. O indiciamento de políticos veio desmistificar a blindagem  que havia em cima do Poder Executivo. A Polícia Civil desmascarou o prefeito Cezar Schirmer e o comandante do Corpo de Bombeiros da região, tenente-coronel Moisés Fuchs, que diziam que tudo estava legal".
- Cezar Schirmer, prefeito de Santa Maria, apontado no inquérito como um dos 28 responsabilizados na tragédia
"Fui tomado de surpresa. Talvez tenha sido a maior surpresa da minha vida pública e pessoal. Estamos diante de um absurdo, de uma aberração jurídica, de um processo que é de natureza política. Com todo o respeito, essa é uma tese ridícula. Até o momento, não tem nada, só temos indícios. Até que se provem alguma coisa, não temos nada. Confio no Tribunal de Justiça e no Ministério Público".
- Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul
"Ele (comandante do Corpo de Bombeiros da região, tenente-coronel Moisés Fuchs) será afastado do comando. Independentemente que isso signifique um adiantamento de julgamento, mas uma pessoa que está indiciada, evidentemente, tem que ser afastada do comando e farei isso imediatamente, quando voltar ao Rio Grande do Sul. Agora cabe ao Ministério Público examinar profundamente este relatório e fazer a denúncia para responsabilizar penalmente aquelas pessoas que estão sendo indiciadas, que cometeram atos ilegais, irregulares ou até estiveram comprometidas do ponto de vista penal".
A lista dos 16 indiciados criminalmente

241 homicídios com dolo eventual qualificado e 623 tentativas de homicídio
1- Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista da banda Gurizada Fandangueira)
2 - Luciano Augusto Bonilha Leão (produtor da banda Gurizada Fandangueira)
3 - Elissandro Callegaro Spohr (sócio-proprietário da Kiss)
4 - Mauro Londero Hoffman (sócio-proprietário da Kiss)
5- Ricardo de Castro Pasche (gerente da Kiss)
6 - Ângela Aurelia Callegaro (irmã de Kiko, proprietária da boate no papel)
7 - Marlene Teresinha Callegaro (mãe de Kiko, proprietária da boate no papel)
8 - Gilson Martins Dias (bombeiro que vistoriou a boate)
9 - Vagner Guimarães Coelho (bombeiro que vistoriou a boate)
Indiciados por 241 homicídios culposos*
10 - Miguel Caetano Passini (secretário de Mobilidade Urbana)
11 - Luiz Alberto Carvalho Junior (secretário do Meio Ambiente)
12 - Beloyannes Orengo de Pietro Júnior (chefe da fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana)
13- Marcus Vinicius Bittencourt Biermann (funcionário da Secretaria de Finanças que emitiu o Alvará de Localização da boate)
* Denúncias por crime de lesões corporais dependem de representação das vítimas
Indiciados por fraude processual
14 - Gerson da Rosa Pereira (major dos bombeiros que incluiu documentos na pasta referente ao alvará da boate após a tragédia)
15 - Renan Severo Berleze (sargento dos bombeiros que incluiu documentos na pasta referente ao alvará da boate após a tragédia)
16 - Elton Cristiano Uroda (ex-sócio da boate Kiss, que deu falso testemunho)
Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 241 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. O inquérito policial, que indiciou 16 pessoas criminalmente, conclui que:
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
- As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
- O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
- A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás
- Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
- A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
- As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
- A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
- Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
- As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
- Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas

 Fonte: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/03/policia-apresenta-conclusoes-do-inquerito-sobre-tragedia-na-boate-kiss.html

quinta-feira, 14 de março de 2013

TEMPERATURA ESTÁ ACIMA DA MÉDIA EM SALVADOR


Temperaturas altas confirmam que este é o verão mais quente dos últimos 7 anos
Que o verão é a estação mais quente do ano não há dúvida, mas a temperatura está acima da média nos últimos dias em Salvador. De acordo com a meteorologista Cláudia Valéria Silva, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os termômetros têm registrado entre 33º e 33,5º na capital baiana, sendo que a média climatológica para o mês de março é de 30º, confirmando esse como o verão mais quente dos últimos sete anos.
"Está superior a média, que é de 30º. A temperatura máxima tem ficado na casa de 33º e 33,5º em Salvador, mas chegou a registrar 34,5º no dia 5 (de março), que foi o dia mais quente desse verão", explica a meteorologista.
Segundo ela, a falta de chuva tem contribuído para aumentar a temperatura na cidade. "Sem chuva, os dias ficam mais claros e com mais radiação. Na área com maior influência urbana, onde há alta concentração de veículos e prédios, a temperatura ainda aumenta entre dois e três graus. Isso já incomoda bastante, principalmente o soteropolitano que tem o hábito das outras três estações do ano de temperaturas máximas de até 30º".

Prevenção - Como não há previsão de temperaturas mais amenas a curto prazo, a população deve redobrar os cuidados com a saúde. De acordo com a coordenadora da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional Bahia (SBD), Irene Spínola, nesse período aumenta a incidência de radiação solar.
"É necessário prestar atenção com a hidratação, principalmente por via oral. O ideal é sair no início (antes das 10 horas) e final do dia (a partir de 16h), mas quem não puder, deve usar fatores de proteção, como roupas leves, chapéus, e filtro solar, principalmente na face e nas orelhas, no caso dos homens", indica a médica, lembrando que o rosto é a região onde há maior incidência de câncer de pele.
As altas temperaturas também contribuem para o surgimento da sudamina, as conhecidas brotoejas infantis. "O suor excessivo pode causar irritação, inflamar e até infectar a pele. Para evitar o problema, é necessário diminuir a temperatura do corpo, usando roupas mais leves e aumentando a frequência dos banhos, que devem ser frios", orienta a dermatologista.

Fonte: http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/materias/1490536-temperatura-esta-acima-da-media-em-salvador

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

RELATOS DE TESTEMUNHAS DE TRAGÉDIA NO RS REALÇAM PERGUNTAS A RESPONDER

G1 refaz o passo a passo do incêndio que deixou mais de 230 mortos.
Sobreviventes relatam pânico vivido em boate que pegou fogo no domingo.


entenda_tragedia_boate_rs_620 (Foto: Editoria de Arte / G1)
O incêndio que atingiu a Boate Kiss, na madrugada deste domingo (27), resultou na morte de mais de 230 pessoas em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul.
Ao longo do dia, G1, GloboNews, TV Globo e RBS ouviram dezenas de relatos dos sobreviventes (assista no vídeo ao lado à reportagem do Fantástico sobre as mortes).
Leia a seguir uma reconstituição de momentos-chave da tragédia – hora do show, início do incêndio, tumulto dentro do prédio com apenas uma saída e resgate das vítimas – e saiba que perguntas ainda precisam ser respondidas pelas autoridades.
show_boate_rs (Foto: Editoria de Arte / G1)
A festa "Agromerados": Foi organizada por alunos dos cursos de agronomia, pedagogia, zootecnia, medicina veterinária, técnico em agronegócio e técnico em alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Com ingressos a R$ 15 e classificação etária de 18 anos, teve grande divulgação e venda de entrada antecipada.
Atrações: No evento estavam programadas as apresentações das bandas Pimenta e seus Comparsas e Gurizada Fandangueira, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.
Início: O público começou a chegar perto da meia-noite. Por volta da 1h, o grupo Pimenta e seus Comparsas subiu ao palco, de acordo com o líder da banda, Valderson Wottrich. A apresentação durou pouco mais de uma hora, terminando perto das 2h10. Em seguida, a Gurizada Fandangueira, que é de Santa Maria e se apresentava na boate pelo menos uma vez por mês, começou a tocar.
PERGUNTA A RESPONDER: A boate tinha os alvarás necessários para funcionar?
Por meio dos seus advogados, a direção da Boate Kiss classificou o ocorrido como uma "fatalidade" e disse que está em "situação regular, contando com todos os equipamentos previsíveis e necessários  para o sistema de proteção e combate contra o incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiros, adequado às necessidades da casa e de seus freqüentadores".

Na manhã seguinte à tragédia, no entanto, o comandante do Corpo de Bombeiros da Região Central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado. "Está vencido desde agosto. O alvará é necessário para o funcionamento da casa na sua normalidade", disse ao G1, destacando que o documento serve para atestar as condições de prevenção e combate a incêndios.
De acordo com o subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Altair de Freitas Cunha, as condições de prevenção contra incêndio da casa serão apuradas. "Recebemos alguns relatos de que os seguranças teriam barrado as pessoas até que elas pagassem a conta [...] Também estamos apurando o que provocou o incêndio e as condições de prevenção da casa."
O prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, disse à GloboNews que os documentos estariam regulares, conforme atestado pelos bombeiros. Ele afirmou, no entanto, que é preciso investigar as autorizações.
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, disse que o proprietário da casa deve se pronunciar oficialmente e apresentar todos os documentos. "Falar agora em culpa de alguém é uma falta de respeito ao trabalho que vem sendo feito. O faremos de maneira responsável. Hoje já vai ser ouvido o dono da boate. Ele terá que apresentar todos os documentos."
incendio_boate (Foto: Editoria de Arte / G1)
Origem do fogo: Durante a música "Amor de chocolate", do cantor Naldo, a banda utilizou dispositivos pirotécnicos como efeito visual. De acordo com baterista Eliel de Lima, a equipe técnica do grupo é responsável por controlar o espetáculo, comum nos shows e que "nunca deu problema".
O guitarrista do grupo, Rodrigo Martins, disse que o efeito especial durava quatro minutos, com faíscas do equipamento chamado "sputnik" sendo lançadas para cima. Ele afirmou que somente no início da música seguinte o incêndio foi percebido e defendeu que o fogo tenha começado devido a um curto-circuito nos fios do telhado da boate.
Segundo o estudante Murilo Tiecher e a fotógrafa Fernanda Bona, no entanto, o vocalista da banda teria acendido uma espécie de sinalizador. As faíscas teriam atingido o teto da boate e dado início ao fogo, que se alastrou rapidamente devido ao material usado para o isolamento acústico.
Pedido de socorro: De acordo com o major Cléberson Bastianello, o Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 2h30, pouco depois do início do incêndio.
Problema com o extintor: Segundo Rodrigo Moura, um dos vigilantes que trabalhavam na madrugada da tragédia, alguns seguranças tentaram apagar as chamas no teto da boate com extintores, mas o fogo tomou conta do local rapidamente, matando inclusive alguns de seus colegas.
Segundo o guitarrista do grupo Gurizada Fandangueira, Rodrigo Martins, um segurança e o próprio vocalista tentaram operar o equipamento, que não funcionou. "O segurança tentou usar o extintor, mas não funcionou. Ficamos desesperados. O cantor também tentou e não saía nada", disse em entrevista à Rádio Gaúcha.
O baterista Eliel de Lima relatou o mesmo problema. "Um segurança chegou com um extintor de incêndio, tentou apagar o fogo, mas o extintor não funcionou."
O estudante Murilo Tiecher disse que não sabia se o extintor não havia funcionado ou se os seguranças não souberam manuseá-lo de maneira adequada.
PERGUNTA A RESPONDER: Quantas pessoas estavam no local na hora do fogo?
O número de total de pessoas que estavam no interior da boate Kiss no momento em que o incêndio começou ainda é desconhecido. Segundo informações da própria casa noturna, a capacidade máxima é para mil clientes.
De acordo com o delegado Sandro Meinerz, que é responsável pela perícia, informações coletadas pelas equipes de investigação dão conta de que o público na hora da tragédia era de aproximadamente mil pessoas. O Corpo de Bombeiros, no entanto, estima que o número era maior, perto de 1,5 mil.
tumulto_boate (Foto: Editoria de Arte / G1)
A gente pediu para as vítimas saírem, tinha bastante gente ali. No meio do tumulto, começaram a se pisotear, teve gente que não teve tempo de sair"
Rodrigo Moura, segurança
Eu estava espremida na parede e só consegui escapar porque me puxaram. Fui engatinhando até a saída, com pessoas passando por cima"
Shelen Rossi, sobrevivente
Pânico e correria: Assim que perceberam o início do incêndio, centenas de pessoas ficaram desesperadas e começaram a correr em busca de uma saída para a rua.
Luciene Louzeiro disse que muita gente morreu pisoteada porque as pessoas caíam. As mulheres também estavam de salto, o que dificultou ainda mais a saída.
"Lembro que me prensaram contra a parede, e havia umas gradezinhas na saída que, com a força do pessoal empurrando, quebrou. Aí mandaram a gente passar por baixo, só que não consegui, estava com medo de passar e acabarem me pisoteando. Aí alguém me derrubou, eu caí e caiu um guri junto. Consegui me agarrar nele, segurei o colarinho da blusa e saí", contou.

Porta bloqueada: Murilo de Toledo Tiecher, de 26 anos, estudante de medicina, relatou que, inicialmente, seguranças da boate tentaram impedir a saída dos clientes, mas que logo perceberam a fumaça e liberaram a passagem.
Jonathas Castilhos também disse que os seguranças bloquearam a porta da boate, o que teria atrapalhado a evacuação. "Dei sorte, estava perto da saída quando vi que começou o incêndio. Mesmo assim, os seguranças trancaram porque queriam as comandas. Eles abriram, mas ficou mais ou menos um minuto e meio trancado", relatou o sobrevivente.

Shelen Rossi, de 19 anos, disse que logo após o fogo começar, as pessoas correram para perto da porta de saída, que foi trancada pelos seguranças. "Eu estava espremida na parede e só consegui escapar porque me puxaram. Fui engatinhando até a saída, com pessoas passando por cima."

Luciene também disse que alguns seguranças barraram as pessoas que tentavam sair sem pagar a comanda. "Acho um absurdo as pessoas morrendo e eles pensando no dinheiro. Foi um filme de terror, horrível ver aquelas pessoas caindo e morrendo."
Grade atrapalhando: Testemunhas disseram que a saída da boate foi dificultada por uma grade colocada perto da porta para organizar a fila de entrada. "Tinha só uma saída e começou a afunilar por causa da grade que eles põem para organizar a fila de entrada. Teve empurra-empurra, todo mundo se espremendo, eu tive que pular a grade para poder me desvencilhar", disse Tiecher.
Segundo ele, as pessoas derrubaram grade e porta, o que fez muita gente cair no chão e acabar pisoteada, uns tropeçando em cima dos outros. Ele disse ainda que somente após cerca de dois minutos, quando a fumaça já estava saindo pela porta, os seguranças teriam passarado a ajudar as pessoas a saírem do local.
Em entrevista ao Domingão do Faustão, uma jovem chamada Andiara relatou que essa espécie de "biombo" trancava a porta de entrada, que teria no máximo dois metros de largura e que possibilitava a passagem de apenas duas pessoas por vez.
Fumaça
Kellen Rebello da Silva disse que, ao sair da boate, olhou para trás e viu sair fumaça branca. Em segundos, a fumaça ficou preta. "Foi questão de 2 minutos no máximo, foi muito rápido."
Ela contou que as pessoas que estavam no banheiro e em um ambiente superior – de onde não dava para enxergar o palco – só perceberam quando já havia fumaça e viram a correria. "Ouvi pessoas dizendo que todo mundo estava se direcionando ao banheiro porque achava que lá era a saída, já que não dava para enxergar."
"Todo mundo saindo preto de fumaça, aquele monte de gente no chão, sangue. No começo, nem eu achava que ia ser tão grave, achava que eles iam conseguir apagar", disse outro presente à festa.
PERGUNTA A RESPONDER: Por que a maioria das vítimas morreu no banheiro?
O capitão da Brigada Militar Edi Paulo Garcia disse que a maioria das vítimas tentou escapar pelo banheiro do estabelecimento e acabou morrendo. "A cena é triste de ver. São muitos jovens lá, o espaço era muito pequeno [...] Tirei mais de 180 pessoas dos banheiros. Eles estavam tentando fugir pelos banheiros", disse.
Segundo o estudante de medicina Murilo de Toledo Tiecher, muitas pessoas foram para a porta dos banheiros achando que era a saída da boate e acabaram ficando presas ali. Um dos motivos seria porque as vítimas estavam desorientadas por causa da fumaça.
Outras testemunhas também disseram que o ambiente era bastante escuro e que a falta de sinalização fez com que eles pensassem que ali era uma saída. "Havia um monte de gente, uns por cima dos outros. Teve gente que entrou no banheiro achando que fosse a porta e não conseguiu mais sair. Desmaiaram, morreram no banheiro", disse o estudante Murilo de Toledo.
O analista de sistemas Max Müller, de 33 anos, ouviu relatos de que frequentadores da boate morreram porque não sabiam qual era o caminho certo que levava até a saída. "Foi o pior de tudo. As pessoas tentavam sair da boate e na verdade estavam indo parar no banheiro. Pensavam que era saída. O fogo se alastrou de uma forma tão rápida que a boate ficou tomada por fumaça e muitos morreram asfixiados."
resgate_boate (Foto: Editoria de Arte / G1)
tragedia_boate_300 (Foto: Editoria de Arte / G1)
Bombeiros chegam rápido: Várias testemunhas afirmaram que o Corpo de Bombeiros chegou ao local da tragédia rapidamente, entre três e cinco minutos depois do chamado.
"Teve atendimento muito rápido. Chegou ambulância, chegou polícia. O pessoal quis ajudar quebrando [as paredes da casa] para ver se tinha mais saídas para o pessoal que estava lá dentro", disse Aline Santos Silva, de 29 anos.
Sobreviventes ajudam no resgate: Muitas pessoas que conseguiram sair da boate ainda ajudaram a socorrer as vítimas. "A gente puxava as pessoas pelo cabelo, pela roupa, muita gente saía só de calcinha e cueca, muitas sem camiseta, talvez para se proteger da fumaça", disse Murilo de Toledo Tiecher.
"Todo mundo que estava ali fora voltou e começou a puxar quem estava dentro e puxava por onde dava, pela mão, pela cabeça", completou.
Jonathas Castilhos ajudou a socorrer amigos e desconhecidos. "Do lado de fora, comecei a reunir pessoas, pude ajudar a levar para hospitais."

O estudante Rafael Urbaneto Peres disse que passou perto do local da tragédia por volta das 3h10 e viu uma fumaça densa e grande movimentação de ambulâncias. "Fui abordado por um cidadão de camiseta e par de tênis gritando, chorando, aos prantos, e ele dizia que a Kiss havia pegado fogo e havia pessoas mortas. Vi pessoas nas proximidades sendo carregadas com dificuldade de respirar."

 Fonte:

http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/01/relatos-de-testemunhas-de-tragedia-no-rs-realcam-perguntas-responder.html

 

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

INCÊNDIO DESTRUIU CERCA DE 70% DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO.


Estimativa não é baseada em perícia, que será feita após liberação da área.
Prédio tombado, construído no século 18, não corre risco eminente de cair.


Apesar da estimativa de destruição de 70% do prédio da Secretaria Municipal da Educação após um forte incêndio, João Carlos Bacelar, responsável pela pasta, disse que a totalidade do arquivo e maior parte dos documentos recentes vão ser recuperados. Em conversa com oG1 BA nesta sexta-feira (4), o secretário explicou que a causa do fogo só será investigada depois do trabalho de rescaldo, que é monitorado pelo Corpo de Bombeiros - pela manhã, pequenas chamas ainda eram controladas.
"Até o dia 31 de dezembro de 2011, não se perdeu nada, o nosso arquivo funciona em anexo. De 2012, recuperamos, através de backup, 50% da documentação. Os demais 50% são passíveis de recuperação total, porque está tudo arquivado eletronicamente, as notas fiscais, os relatórios, as prestações de contas do Fundo Nacional para Desenvolvimento da Educação. Instituimos uma comissão que está fazendo este processo [de recuperação]", disse, ao ser questionado sobre os prejuízos.
O casarão situado no bairro do Engenho Velho de Brotas, precisamente no Parque Solar Boa Vista, abrigava os gabinetes dos secretários e da subsecretária, a sala de apoio ao gabinete, o Fundo Municipal da Educação, uma representação da Procuradoria Geral do Município, a coordenação das regionais de educação, uma sala do núcleo de gestão da informação, as coordenadorias de apoio e gerência; de ensino e apoio pedagógico, a assessoria de gestão e a assessoria de comunicação, além de duas copas.
A Defesa Civil de Salvador (Codesal) informou que a edificação não corre risco de desabamento. A equipe de engenharia, no entanto, ainda não entrou na área por conta da temperatura quente e do risco da queda de assoalhos em seu interior. A vistoria deve ser feita até a segunda -feira (7), segundo a assessoria de comunicação. Depois disso, e caso as condições permitam, será liberado a realização da perícia pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT).
O perito José Roberto, que trabalha na coordenação de engenharia legal do DPT, explica que, em situações de incêndio, a perícia é mais complexa, por conta da queima de pistas que podem esclarecer a causa do incidente. "A gente busca justamente as evidências para afirmar ou não as prováveis causas. No caso das perícias de incêndio, elas são às vezes mais prejudicadas em função da aplicação necessária da água", explicou. (Veja imagens do incêndio ao lado)
Patrimônio Histórico
O casarão construído no século 18 pelo mercador de escravos Manoel José Machado, e que foi casa do poeta Castro Alves em 1867, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 16 de outubro de 1941.
Segundo a descrição do órgão, o prédio é um solar suburbano de construção robusta de alvenaria de pedra e divisória de paredes francesas. Tem um pequeno pátio central, com um mirante em forma de torre, inserido dentro de uma planta geral quase quadrada, que era comum nas construções antigas mais abastadas.
O Iphan relata ainda que as fachadas são emolduradas por cunhais superpostos por coruchéus do tipo bulboso. Além disso, tem uma capela com teto em gamela, localizada no térreo, e saguão central com escadarias de três lances, que levam ao pavimento mais nobre.
casarão (Foto: Naiá Braga/G1)Casarão destruído após incêndio em Brotas
(Foto: Naiá Braga/G1)
O governador Jaques Wagner disse que o prédio tem seguro e que a edificação, da esfera estadual, está cedida ao município desde 2003. "Vai ser um trabalho de restauro externo e reconstrução interna", disse sobre os estragos.
O secretário municipal de Educação, João Carlos Bacelar, acredita que o maior prejuízo é a capela."Não sabemos qual foi o dano da capela, que tem santos barrocos e é muito bonita. Não sabe porque não pode entrar. É proíbido acesso de qualquer pessoa a não ser bombeiro e polícia no prédio", afirmou.
O prefeito de Salvador afirmou que pretende estabalecer com o Ministério Público, com o Governo do Estado e com o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) tentativa de encontrar a melhor solução para o caso.
Incêndio
O incêndio que atingiu o prédio da Secretaria Municipal da Educação foi controlado durante a madrugada desta sexta-feira, por volta de 1h. O caso foi registrado na 6ª Delegacia (Brotas). Ninguém ficou ferido no incêndio.
Aas chamas altas foram intensificadas por conta da estrutura de madeira do casarão antigo, localizado no Solar Boa Vista, no Engenho Velho de Brotas. O prefeito ACM Neto, recém-empossado no cargo, e o secretário da Educação, João Carlos Bacelar, acompanharam a contenção das chamas no local.
Fonte:
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2013/01/fogo-destruiu-70-da-secretaria-de-educacao-diz-joao-carlos-bacelar.html